A premissa me parece ser bem clara. Há que se acreditar, antes de mais nada, em alguma força superior, criadora e mantenedora da vida e através dela, em todo seu harmônico universo. É a partir desse princípio básico que tudo mais se manifesta e se desenvolve. De forma bem simplista e resumida, entendo que a fé seja a força motriz do Ser humano. Dela advém tudo o mais, até a própria crença na existência física, da maneira mais clara como a conhecemos.
É evidente que esta é uma dedução totalmente empírica e sem qualquer pretensão filosófica ou erudita, até porque não me preocupo aqui em dar-lhe fundamentação em conceitos já concebidos pelo fluir da inteligência e pelo desenvolver do pensamento humano. Apenas é meu modo de ver as coisas. Eu creio que em tudo o que se vê, em tudo o que se pensa, de tudo o que se deduz, em tudo o que se acredita, em tudo enfim, há um pouco de verdade. A soma de todas essas verdades pode ou não nos mostrar o objetivo que tanto almejamos como seres humanos: atingir a Felicidade.
Não é a primeira vez que coloco a Felicidade como apogeu de nossa busca e certamente não será a última. Talvez porque, na minha simplicidade de pensar, a força superior, criadora e mantenedora da vida seja uma só, mas suas denominações variam de acordo com o compreender das verdades de cada coisa da qual tomamos conhecimento, e segundo o cabedal de aprendizado de que cada um de nós é detentor. Estou convencido de que seja ela, a força superior e criadora, a própria Felicidade. E que aquele a quem convencionamos denominar de Deus seja sua personificação, em seu estado mais límpido, puro, cristalino e transparente.
Entendo ainda que os caminhos que vislumbramos para nos aproximar da Grande Força Criadora e por conseqüência da própria Felicidade são distintos em cada um, com mais ou menos obstáculos, com maiores ou menores dificuldades, com maior ou menor grau de dedicação e empenho para atingi-la.
Felicidade, e é bom que eu a identifique segundo alguns dicionários, é o estado de uma consciência plenamente satisfeita, repleta de bem estar, de satisfação e contentamento; é a obtenção do bom êxito, do sucesso e do acerto; é a boa fortuna e a ventura. Eu acrescentaria que a felicidade é algo muito próximo da perfeição. Talvez, seja a própria perfeição.
Nem sempre o que as nossas verdades nos querem dizer é o mais apropriado para galgar degraus nessa escada que nos levará a estar o mais próximo possível desse anseio inato do Ser Humano. Sim, pois entendo que nenhum ser humano é desprovido desse instinto pela busca da felicidade, portanto, permito-me concluir também que nenhum ser humano, por mais afastado que esteja das fontes de conhecimento, seja desprovido de fé.
Como entendo que a Força Criadora Superior seja a Felicidade, então deduzo que ela seja Perfeita. Daí atrevo-me a concluir que: “O Grande Arquiteto do Universo é Perfeito e se resume na cristalina essência da Felicidade, objetivo de todo Ser Humano, através da Fé que lhe é inata, independente de qualquer consciência que ele, Ser Humano, tenha disso.”
E se, como eu dizia, nem sempre os caminhos escolhidos para galgar os degraus da felicidade são os mais apropriados, é preciso que haja referenciais e guias. É preciso que haja vigias e condutores, mapas, sinais e indicações do caminho. Aqui entra a parte complicada, pois nem sempre a escolha de um caminho condiz com as atitudes e o preparo do “viajante”.
A jornada pode nos propor trabalhos árduos e tarefas penosas. Pode nos solicitar que deixemos parte de nossa carga pelo caminho para que melhor possamos galgar os próximos degraus. Pode exigir que tenhamos algumas atitudes diferentes das que vínhamos tendo antes de atingir determinada etapa da jornada. Pode nos exigir alterações de rota radicais. Acho que citar exemplos seria desnecessário.
Deveremos estar preparados para isso tudo, pois transpor as barreiras do caminho não é tarefa fácil. Como saber até que ponto nossa necessidade de chegar até à Felicidade nos dará força e coragem para superar as barreiras? Onde buscar forças para transpor algumas dessas barreiras que certamente estarão em nosso caminho, até que possamos estar próximos de nosso objetivo? Como não esmorecer quando nos abaterem as tempestades e guerras, os inimigos e as ameaças constantes do caminho?
Essa é a parte complicada. Além da coragem, da força e da convicção, será preciso a consciência de muitas abstenções. Será preciso ainda muita sensibilidade para não confundir a glória das conquistas com os dissabores das ditaduras que algumas dessas conquistas impingem ao Ser Humano. Será preciso discernimento e uma generosa dose de senso, do bom, para utilizar com parcimônia as benesses do livre arbítrio. Será preciso negligenciar os vícios e enaltecer as virtudes. A uns cavam-se masmorras, a outros erguem-se os templos. Será preciso, pois, ter algo de muito próximo ao perfeito para não errar o caminho.
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Publicado nos Anais do XXII Congresso Brasileiro de Médicos Escritores
Junho de 2008 - Fortaleza - CE
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