A grande molecagem
está mais na perícia
de saber pular os muros da tristeza
e quebrar as vidraças dos medos
rodar os peões da aventura
chutar as bolas do tempo,
do que em ser só moleque.
Eta vidinha boa!
Só que chega uma hora
em que se perde a destreza
moleca.
Desiste-se de pular muros,
por causa da altura.
As vidraças do medo
são mais difíceis de estilhaçar.
Os peões da aventura
giram mais devagar.
As bolas do tempo
perdem a força.
Aí a vidinha vai ficando chata.
Compromissada.
Difícil.
A porção moleque
fica enevoada
pela mesmice dos dias.
Já não se vive tão bem
sem aquela molecagem.
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Publicado na I Antologia Paulista da Sobrames-SP
Legnar Informática e Editora (setembro de 1999)
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