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9.5.09

Fiapos

















Cada palavra indigente
que sai de mim para o papel
é um fiapo de alma,
um descuido.

Quisera ter um dom,
e um apenas me bastaria:
o de saber dar rumo
à indigência que se esvai de mim,
tão esfarrapada,
tão simplória,
tão encardida das marcas de cada dia.

Quisera saber de rumos e rotas,
de letras e feridas,
todos num mesmo conteúdo.
Quisera saber de minutos e sinais
todos num mesmo contexto
que não se revela assim, tão simplesmente.

Contudo, meus fiapos de alma são assim,
cheios de nada e ao mesmo tempo
tão plenos,
e ainda assim tão pobres,
e talvez por isso, só fiapos.

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Apresentado na VII Jornada Médico-Literária Paulista  
Campos do Jordão - setembro de 2003
Publicado nos Anais do Evento
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