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21.3.10

Genético e hereditário





















Será que é por isso que te conheço tão bem e ainda nem sei nada de você? Como acho que te entendo, se nem mesmo sei entender a mim mesmo? Será que é por isso que mal te conheço e acho que já sei tanto de você? Como achas que me entendes, se nem sabes me perceber direito?

Teus anseios são e hão de ser iguaiszinhos aos meus. Teus passos tão imprecisos, quanto aos que já trilhei um dia. Tuas vontades tão grandes, quanto às que já tive e ainda terei. Tua ansiedade tão imensa, quanto às de toda a humanidade.

È cíclico. Hereditário e altamente genético. O ciclo é o mesmo de anos, de décadas e milênios... Quanto mais quero decifrar-te, mais me devoro. E te devoro. Ressuscito-me para cada dia adivinhar-te.

È genético. Incrivelmente herético e contraditório. O germe é o mesmo de agora, de antes e de sempre... Quanto mais te adivinho, mais há que decifrar-me. E me devoro, te ressuscito, para cada instante escavar-te.

Como pode ser, se ainda mal te devoro e já te sinto tanto? Teus desejos são e hão de ser iguaiszinhos aos meus. Teus gestos tão imprecisos, quanto aos que já tateei um dia. Tuas vontades tão insuspeitas, quanto as que já tive e ainda terei. Tua ansiedade tão intensa, quanto a de toda uma existência. Da que já tenho, e da que ainda terei.

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Apresentado na X Jornada Médico-Literária Paulista, V Jornada Nacional da Sobrames, VI Sobramíada-CE - Realizada de 17 a 19.09.2009 - Green Place Hotel - São Paulo-SP
Publicado nos Anais desses eventos
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